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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ítalo-descendentes poderão pagar imposto à Itália.



Cittadinanza
Quinta-feira, 21 de novembro de 2013, 12h33

Longo anuncia em Brasília que apresentará projeto que institui o "imposto anual da cidadania" a todos os ítalo-descendentes reconhecidos

© Desiderio Peron – Insieme 
O senador Fausto Longo (Foto Desiderio Peron / Insieme)
CURITIBA – PR – Detentores de passaporte ou não, mas que tenham a cidadania italiana por direito de sangue formalmente já reconhecida poderão vir a pagar um imposto anual para a Itália, segundo proposta em formulação pelo senador Fausto Longo, eleito pela área da América do Sul da Circunscrição Eleitoral do Exterior para o Parlamento Italiano (29.077 votos; 24.152 dos quais no Brasil). Atualmente, no Brasil, são cerca de 300 mil nesta situação.
Longo não acha justo que os italianos da Península tenham que "sustentar a burocracia dos meus direitos aqui no Brasil, sem que eu contribua com nada". Para ele, a cidadania é uma "via de duas mãos", segundo disse durante a reunião do "Sistema Itália", na sede da Embaixada da Itália, em Brasília, dia 12 último.
"Vou apresentar um projeto de lei – já conversei com o meu partido e ele topou - que vai criar um imposto. É cidadão? Paga imposto na Itália, anualmente, mesmo que esteja fora", anunciou o senador na reunião de Brasília. "A idéia do Fabio (deputado Fabio Porta – NR) de a gente pagar alguma coisa por isso eu ainda acho pequena", enfatizou o senador.
Procurado pela redação de Insieme, o deputado Fabio Porta, que não participou do encontro na Embaixada, mas que elegeu-se na mesma chapa com Longo, diz não conhecer a proposta do senador. "Me falaram que ele comentou algo a respeito em Brasília, talvez falando "a braccio" (de forma improvisada – NR); quando conhecer bem a proposta posso falar a respeito". Entretanto, Porta acrescentou que os italianos já pagam muitos impostos na Itália e no exterior e que, entre Itália e Brasil, existe até um acordo contra a dupla tributação (que, inclusive, não está sendo aplicado de forma correta). "Minha proposta – disse Fabio – é diferente, tem uma lógica e - principalmente - tem como consequência direta a solução da "fila da cidadania" e, como consequência indireta, a demonstração do fato que quanto maior é a comunidade de origem italiana em um País, tanto maior é o benefício (direito e indireto) para a própria Italia. Não é uma taxa, nem um imposto... minha ideia não tem nada a ver com uma "imposição fiscal".
Conforme o deputado Fabio Porta disse também em outras oportunidades, sua proposta encerra a idéia de uma contribuição "una tantum", igual àquela que na Itália existe a favor do "Ministero dell'Interno" no caso de cidadania 'ius matrimoni'. Também neste caso, o valor seria revertido a favor da administração competente (no nosso caso, o Consulado) para melhorar o atendimento, contratar funcionários para a "força tarefa" e conseguir, como 'contrapartida', a finalização dos processos em poucos meses e não mais em muitos anos", como ocorre atualmente. "Desta maneira – conclui Porta -, finalmente, o MAE e a Itália vão entender que a cidadania 'ius sanguinis' trará mais benefícios e vantagens que problemas e dificuldades ao Estado italiano; e os italianos no exterior, enfim, serão considerados, como é justo que seja, italianos de "Série A".
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Clique aqui para ouvir a explicação do projeto feita pelo senador Longo
A PROPOSTA DE LONGO – Para entender melhor a proposta do senador Longo, é preciso acompanhar seu raciocínio exposto durante a reunião de Brasília, em gravação que a redação de Insieme teve acesso e cujo conteúdo parcial aqui reproduzimos: "Na Constituição italiana não tem uma linha que fale que para ser italiano precisa falar italiano. Nem para ser candidato, nem nada. Porque o povo italiano é um povo global e que conseguiu se miscigenar em todos os países onde esteve presente de forma a praticamente se transformar naquele povo.
Aliás, mesmo nós, que nos dizemos italianos, o que nos define como italianos?
Nós somos uma raça? Não somos. Raça... existem os brancos, negros, amarelos e vermelhos. Nós somos uma etnia? Mal e mal! Por quê? Porque a Península foi, na verdade, uma verdadeira festa étcnica, formada por "n" povos que por ali passaram e festejaram... escrava com soldado, soldado com prisioneiro, prisioneiro com invasor... enfim, é uma verdadeira salada. É uma Arca de Noé aquilo.
O conselheiro Walter Petruzziello, do CGIE - Consiglio Generale degli Italiani all'Estero é contra o projeto
Então a gente não pode falar que transmite italianidade. Na verdade, o que nos amarra, o que pode nos unir como povo, esse sentimento de ser um só povo, que, aliás, tem que ser construído porque não é real – um italiano não se reconhece na rua como um japonês, um sírio-libanês, como um judeu - o que nos faz termos essa possibilidade de nos sentirmos um só povo, é exatamente a decisão, vontade cultural, de assumir essa italianidade. Então, celebrar essa... a gente teria que ter o bom senso de mudar um pouquinho o discurso. Inclusive acho que a gente que atua muito forte em São Paulo, no Brasil, é fazer com que as pessoas que querem a cidadania têm que assumir a responsabilidade de, efetivamente, entender que existe uma via de duas mãos.
Quando falo issso... eu não me conformo que um grupo de trabalhadores italianos, lá na Itália, tenha que trabalhar para sustentar a burocracia dos meus direitos aqui no Brasil, sem que eu contribua com nada. Então, a ideia do Fabio de a gente pagar alguma coisa por isso, eu ainda acho pequena. Vou apresentar um projeto de lei – já conversei com o meu partido que topou – que vai criar um imposto. É cidadão? Paga imposto na Itália, anualmente, mesmo que esteja fora. Porque ai, inclusive, a Itália há de perceber que: primeiro, esta comunidade não é uma comunidade de miseráveis que saiu de lá e agora está aqui sem fazer nada. São pessoas que podem, efetivamente, contribuir para essa agenda que a Itália tem: primeiro, a agenda de vencer a crise mundial; segundo, a agenda complicada que a Itália tem para se posicionar de uma forma protagonista dentro da Europa; terceiro, enfrentar esta concorrência extremamente desproporcional dos produtos chineses.
Então nós devemos aqui é pensar como a gente pode desenvolver mecanismos e instrumentos que possam contribuir para que essa Itália, que não é mais territorial, que é uma Itália que não é mais uma Itália (no conceito de nação formada por povo mais território), mas que é um povo espalhado pelo mundo, tenha a dignidade de um ajudar o outro e sentir-se efetivamente um só povo.
É nesse sentido que o meu mandato está voltado. Eu aceito a crítica de lá falar pouco italiano; de aqui falar pouco o italiano. Essa foi a minha história. Tenho 62 anos. Não aprendi, como muita gente aqui, o italiano no berço. Na minha casa era proibido falar o italiano. Por vergonha de a Itália ter-se aliado ao nazismo. Então essa é a história, não minha, mas de muitos e muitos ítalo-descendentes. Então eu não me envergonho, não.
O senador Fausto Longo em entrevista concedida em Curitiba, na véspera da reunião de Brasília
Às vezes, quando as pessoas falam: "o que você faz lá?", eu respondo que estou fazendo muito: são 12 projetos de lei, inclusive esse que reconhece as associações que atuam no exterior, que atuam de verdade – não aquelas entidades picaretas – mas que atuam no exterior e que prestam serviço efetivamente para a comunidade italiana, sejam reconhecidas tais como as associações italianas. O projeto de lei é da minha autoria e está lá. Então são 12 projetos de lei, estou tendo uma participação extremamente com apoio, graças a Deus, dos italianos do Estado de São Paulo, e principalmente dos italianos industriais que atuam na Fiesp. Em cinco anos – se o mandato durar cinco anos, e se não durar também, este é o único mandato meu – entregar o Hospital Italiano, porque eu tenho vergonha de andar pela cidade de SP e ver o Sírio-Libanês, ver o Beneficência Portuguesa, ver o Hospital Israelita, o Japonês, o Hospital Alemão, e a gente não ter ainda... Eu consegui com o prefeito de São Paulo a doação do terreno, e com as empresas da Fiesp a construção do hospital.
Se eu conseguir fazer com que o cidadão ítalo-descendente entenda que cidadania é um exercício, um contrato social entre o indivíduo e o Estado, e que ele tem que pagar por isso, porque é uma via de duas mãos, eu estou contente.
Segundo, se conseguir entregar esse hospital, estou contente.
Terceiro, já estamos conseguindo fazer uma boa relação comercial entre as empresas filiadas à Confindustria - Confederazione Generale dell'Industria Italiana e a Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Semana passada, recebemos 25 empresas da Úmbria, sendo que duas delas – nesses seis meses – já compraram terreno em São Carlos e Araraquara e inauguram mês que vem. Então já estão acontecendo algumas coisas nesse sentido.
Mais de uma vez eu disse que vim aqui "per imparare un po' di quello che non conosco", que é essa atividade relacionada aos consulados. Eu fui um crítico sempre muito duro do consulado, mas hoje eu entendo o seguinte: que a gente tem que, um pouquinho, conscientizar essas pessoas que querem a cidadania para que compreendam um pouco o que é ser cidadão."

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Fwd: Sites de auxilio à pesquisa histórica e genealógica

A pesquisa genealógica online oferece muitas ferramentas para facilitar a busca por antepassados. Abaixo vai uma lista onde será possível pesquisar muitas informações. A lista foi organizada pelo site http://www.asbrap.org.br/

 

 

Arquivo Distrital de Vila Real 

http://www.advrl.org.pt/documentacao/pesquisa_navv2.html

Registros paroquiais e notariais para consulta on-line

 

Arquivo Histórico da Comarca do Rio das Mortes – Minas Gerais

http://www.documenta.ufsj.edu.br/modules/brtbusca/index.php

     Processos criminais, inventários, testamentos, processos cíveis, livros de querela, rol dos culpados, livros variados

 

Arquivo Público do Estado de São Paulo 

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/viver/recenseando.php

http://www.arquivoestado.sp.gov.br/livros_estrangeiros.php

Inventários e Testamentos; Censos de população; registros da hospedaria dos imigrantes

 

Arquivo Público Mineiro 

http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/

Revista do APM; Censos; Sesmarias

 

Arquivo Regional da Ilha da Madeira

http://www.arquivo-madeira.org/item1.php?lang=0&id_channel=19&id_page=242

O site disponibiliza índice de registros de casamentos e batizados.

 

Biblioteca Nacional

http://www.bn.br/

Neste site, pode-se acessar o catálogo da biblioteca no item "catálogos" ou consultar o acervo digital no link "acervo digital". Este contém on-line livros, manuscritos, imagens e músicas de interesse histórico.

Veja também:

http://memoria.bn.br/hdb/periodicos.aspx

 

Cadastro Nacional de Serventias Públicas e Privadas do Brasil

 http://portal.mj.gov.br/CartorioInterConsulta/index.html

Site do Ministério da Justiça, contendo endereço, telefone, e-mail  e data de fundação dos cartórios em todo território nacional

 

Cartório 24horas 

http://cartorio24horas.com.br/

Utilizado para solicitar certidões em todos os Cartórios do Brasil

 

Cartórios de Notas de Portugal

http://www.notarios.pt/OrdemNotarios/PT/PrecisoNotario/Antigos+Arquivos/

Neste site da Ordem dos Notários de Portugal consta os endereços dos Cartórios de Notas de Portugal.

 

Cedeplar-FACE-UFMG

http://poplin.cedeplar.ufmg.br/

Censos de Minas Gerais na década de 1830.

 

Centro de Conhecimento dos Açores 

http://pg.azores.gov.pt/drac/cca/ig/

Registros paroquiais disponíveis para consulta on-line, entre outros

 

Centro da História da Família

http://www.familysearch.org/

Site da Igreja Mórmon para busca de famílias e familiares ao redor do mundo.

http://www.familysearch.org/Eng/Library/fhlcatalog/supermainframeset.asp?display=localitysearch&columns=*,180,0

Página de busca da Igreja Mórmon para localização de número de microfilme por lugar e período.

 

Cognomix Italia

http://www.cognomix.it/mappe-dei-cognomi-italiani.php

Digitando um sobrenome italiano, aparecerá no mapa da Itália a região onde existem famílias com aquele sobrenome.

 

Dioceses do Brasil 

http://www.brasilcatolico.com.br/DIOCESES/diocesesgerais.asp

Para aqueles que não tem acesso ao Anuário Católico do Brasil, este link pode ser útil

 

Geneall

http://www.geneall.net/

Site que contém informações genealógicas de várias famílias de Portugal e do Brasil. Faz parte do projeto Geneall, com links para sites de genealogia de outros países.

 

Geneal Italia

http://www.genealitalia.com/index.html

     Registros online

 

Genealogia de Famílias Cearenses 

http://www.familiascearenses.com.br/

Site que divulga e disponibiliza para download diversos livros de genealogia  de Famílias Cearenses desde o início de século XVIII. Contém também para download a obra Nobiliarquia Pernambucana de J.V. Borges da Fonseca.

  

Gens Italia

http://gens.labo.net/it/cognomi/genera.html

Digitando um sobrenome italiano no alto no canto esquerdo, aparecerá no mapa da Itália a região onde existem famílias com aquele sobrenome.

 

Imigrantes Italianos

http://www.imigrantesitalianos.com.br/

Site com diversas informações sobre imigrantes italianos no Brasil.

 

Italian Last Names Maps

http://www.italianames.com/italian-last-names-maps/

Digitando um sobrenome italiano, aparecerá no mapa da Itália a região onde existem famílias com aquele sobrenome.

 

 

JusBrasil

http://www.jusbrasil.com.br/diarios

Pesquisa nos diários oficiais

 

Projeto Compartilhar

http://www.projetocompartilhar.org/

O objetivo deste site é compartilhar dados e informações encontrados ao longo de pesquisas em documentos primários consultados, acrescidos de documentos oferecidos por colaboradores que se dispõem a partilhar com todos a documentação que levantaram.

 

Sistema Brasileiro de Museus

http://www.museus.gov.br/SBM/cnm_conhecaosmuseus.htm

Busca endereços de museus

 

Site eTombo

http://etombo.com/

Registros paroquiais e civis de Portugal.

 

Torre do Tombo

http://digitarq.dgarq.gov.pt/

e

http://ttonline.dgarq.gov.pt/DServe.exe?dsqServer=calm6&dsqApp=Archive&dsqDb=Catalog&dsqCmd=Search.tcl

Página da Torre do Tombo para localizar documentos já disponíveis na rede, em especial mercês e processos do Santo Ofício.

  

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

http://www.tjmg.jus.br/servicos/gj/guia/primeira_instancia/consulta.do?opcConsulta=6&codigoComposto=MG_647

Busca de endereços de fóruns em Minas Gerais

 

Universidade Federal de Juiz de Fora

http://www.scribd.com/doc/7294374/Processos-de-Inventarios-No-Arquivo-Da-UFJF

Indice de Processos de Inventarios  

 

Universidade Federal de Viçosa

http://www.lampeh.ufv.br/acervosmg/

Inventarios em Mariana MG 

 

Universidade do Minho

http://www.ghp.ics.uminho.pt/genealogias.html

Genealogias de Portugal e Açores

 

 




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Comendador Mauro Demarchi
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Membro-Fundador da Academia de Letras do Brasil/SC - Alfredo Wagner

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pesquisador revela a mais extensa árvore genealógica do mundo

Esquema gigantesco liga 13 milhões de pessoas e mostra como os genes influenciam características complexas
Por Claudia Borges em 12/11/2013Você já viu ou até já fez a árvore genealógica da sua família? Essa representação gráfica dos familiares e todos os seus descendentes é utilizada para mostrar as conexões entre indivíduos e também para fins médicos a fim de investigar doenças que podem ser herdadas geneticamente.

No entanto, fazer uma árvore genealógica pode ser um tanto complicado, pois é necessário pegar os dados de parentes distantes e gerações antigas. Agora, imagine reunir em um esquema como esse a conexão de 13 milhões de pessoas? Pois um pesquisador conseguiu esse feito.
Yaniv ErlichFonte da imagem: Reprodução/Nature
Também apelidado de "hacker de genoma", Yaniv Erlich utilizou dados extraídos de sites de genealogia online, construindo o que talvez venha a ser a mais extensa árvore genealógica já montada. O pesquisador e sua equipe agora planejam usar os dados — que incluem parentescos vindos desde o século 15 — para analisar a herança de traços genéticos complexos, tais como a longevidade e a fertilidade.

Processo de estudo

Além de fornecer a "lista de convidados" para o que seria a maior reunião de família do mundo, o trabalho apresentado pelo biólogo computacional na reunião anual da Sociedade Americana de Genética Humana, em Boston, poderia revelar uma nova ferramenta para entender até que ponto os genes contribuem para certas características de família.
As chamadas linhagens (ou pedigree) foram disponibilizadas para outros pesquisadores, mas Erlich e sua equipe do Instituto Whitehead, em Cambridge, Massachusetts, omitiram os nomes dos participantes para proteger a privacidade e cruzaram as suas informações com amostras de bancos de DNA.
Fonte da imagem: Shutterstock
"As estruturas das próprias árvores poderiam fornecer informações interessantes sobre a demografia humana e expansões da população", disse Nancy Cox, uma geneticista da Universidade de Chicago, Illinois, que não estava envolvida no estudo. Ela afirmou ainda que o mais interessante é a possibilidade de que esses dados podem um dia estar relacionados a aspectos médicos.
Além disso, eles também seriam ligados às informações de sequência de DNA à medida que mais pessoas poderiam ter seus genomas sequenciados e depositados em bancos de dados públicos. "Nós realmente só começamos a `raspar a superfície` do que estes tipos de linhagens podem nos dizer", afirmou Nancy.

Ancestralidade e características

As linhagens fornecem pistas sobre a herança genética. Por exemplo, através da comparação de um indivíduo aos seus parentes mais distantes na árvore genealógica, a mudança na frequência de uma determinada característica, como a fertilidade, pode indicar em que medida o traço existe nas suas raízes genéticas.
A árvore também pode fornecer pistas sobre se a característica é controlada por poucos genes que têm grandes efeitos ou por muitos genes que fazem contribuições menores. Porém, como foi dito no início desse artigo, é preciso anos para reunir dados genealógicos.
No passado, os pesquisadores reuniam meticulosamente esses dados a partir de registros da igreja e de voluntários individuais. Erlich e sua equipe decidiram agilizar o processo de coleta de dados avaliando mais de 43 milhões de perfis públicos no site de genealogia geni.com. Os perfis incluíam as datas de nascimento e morte, bem como os locais.
A equipe reuniu os dados em árvores genealógicas que variaram de algumas centenas de indivíduos até 13 milhões de pessoas. Apesar do esforço do pesquisador, ainda não está muito claro como os resultados do estudo serão usados.
Porém, Kári Stefánsson, fundador de uma empresa de estudos genéticos afirmou que esta é uma abordagem incrivelmente poderosa e está confiante de que a análise genealógica vai desempenhar um papel importante em estudos genéticos no futuro. 

domingo, 15 de setembro de 2013

Livros de Família: Resgatando o presente e o passado

ENTREVISTA COM ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS

Publicado por herberthbrasil em 16 de fevereiro de 2011 · Deixe um comentário 
 Armando Alexandre dos Santos é um homem que coleciona títulos. Aos 56 anos, o jornalista profissional, escritor e genealogista faz mestrado em História pela UNESP. Já vendeu mais de 1,2 milhões de livros, alguns Best Sellers, e sempre tem novos projetos para o futuro.
            Em um bate papo descontraído, realizado na Escola do Escritor, em São Paulo, conversamos sobre a sua nova palestra: Livros de Família, resgatando o presente e o passado.
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De onde partiu a ideia de criar a palestra Livros de Família: resgatando o presente e o passado?
Ela partiu da seguinte coisa. Em 2005 eu publiquei na revista da academia brasileira de letras, chama-se Revista Brasileira, eu publiquei um ensaio, que se chama Por que tanta gente hoje em dia pesquisa as próprias raízes… Nesse ensaio, que é um ensaio de trinta e poucas páginas, eu mostrava que antigamente quem estudava genealogia ou estudava por motivos religiosos, eram as genealogias sagradas da antiguidade, ou por motivos de nobreza. Para provar que tinha ascendência nobre. Que herdava determinado título. Determinado feudo. Ou então, por razões comerciais para mostrar que tinha direito a uma determinada herança… Eu faço neste estudo uma indagação de quais são as razões mais profundas desse interesse pelo próprio passado. E faço uma análise dos dias de hoje. Da sociedade moderna. Da crise de valores que toda a sociedade está mergulhada. De como os fatores de estabilidade estão cada vez mais abalados. De como as pessoas tem uma necessidade psicológica de procurar um solo firme onde por os pés e se sentir sólido. Preso a terra. E subconscientemente as pessoas procuram isso nas suas raízes. E de fato nós notamos, talvez… Vinte a trinta anos pra cá um interesse muito maior por estudar as próprias origens. Eu vou dar alguns exemplos: No Rio Grande do Sul, praticamente todos os fins de semana os jornais noticiam quatro ou cinco reuniões de família. O que são essas reuniões de família? No Rio Grande do Sul há um número muito grande de imigrantes. Pessoas que vieram de outros países. Famílias que vieram de outros países. Então, quando faz cem anos de Brasil ou cento e vinte anos é normal que se faça uma reunião e ali primos afastados se conhecem. Resgatam as próprias origens. Às vezes constituem até clubes familiares e depois resolvem fazer periodicamente uma reunião de família. Pra se ter ideia isso é tão amplo no Brasil, que existem firmas especializadas em promover reuniões de família. Por exemplo, você quer fazer uma reunião da sua família. Você contrata essa firma. Essa firma faz um levantamento da sua família. Manda circulares pra todos. Já tem contatos com uma fazenda para fazer reunião, com uma igreja para fazer a missa, com um restaurante para fazer… Enfim, compra o pacote inteiro. Justamente o que me levou a isso foi estudar qual é a razão de tantas pessoas procurarem as suas raízes. Foi, portanto, um estudo psicosociológico que eu fiz e que me chamou a atenção para o fenômeno. Agora, a partir daí eu fui me especializando. Fui me concentrando nele. Me estendendo nas pesquisas.

Os livros de família são voltados para um público específico. No mercado editorial ele seria rentável?
Geralmente não. A pessoa que faz uma coisa dessas, não faz com uma finalidade de comercializar. É de interesse privado da família. Se bem que em algumas famílias muito grandes, acabam rendendo. Acaba se tornando uma tiragem muito grande.
Quais são as características do livro de família?
Varia muito. Vai desde a linguagem afetiva, familiar… Agora já alguns necessitam de uma pesquisa genealógica mais profunda. Pesquisar arquivos… Então, já é uma linguagem diferente. Varia muito. É difícil estabelecer um padrão.
Como está o crescimento desse gênero literário no Brasil?
No Brasil, como no mundo todo, está crescendo. Sobretudo, agora que existem facilidades para se fazer tiragens pequenas. Editar livros com pequenas tiragens. Isto está muito desenvolvido e a tendência é crescer.
O livro de família assemelha-se mais a uma biografia ou a um livro de memórias?
Varia. Às vezes, o livro de família é feito por alguma pessoa que obteve muitas informações. Então, é normal que ela destaque o lado biográfico.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Fwd: Boletim do MyHeritage - Agosto 2013



Logotipo do MyHeritage

 

Anunciando nossa campanha "Preserve suas fotos de família"

Agosto marca o lançamento oficial da nossa iniciativa global "Preserve suas fotos de família" para encorajar as pessoas a preservarem fotos de família. Descubra, salve e compartilhe as fotos do seu passado e traga vida às histórias de família.

"Preserve suas fotos de família" é endossada pela New England Historic Genealogical Society, a maior e mais antiga sociedade genealógica nos Estados Unidos.

foto antiga
Junte-se à nossa campanha para preservar as fotos de família
Fotografias captam a essência das pessoas, lugares e coisas e estão entre os tesouros mais importantes da história familiar. Tragicamente, muitas fotos são perdidas ou destruídas e os rostos e as memórias do nosso passado desaparecem para sempre. Mostre o quão importante é o legado de sua família e participe da maior campanha que o mundo já viu para preservar fotos de família. Digitalize, faça o upload, etiquete e compartilhe suas fotos no MyHeritage ainda hoje!
Visite a página inicial da campanha »
 
 
vídeo
Descubra mais pistas sobre seu passado - saiba como
Fotos antigas de família guardam muitos segredos sobre o nosso passado e ninguém sabe melhor como descobri-los do que Maureen Taylor, a mundialmente famosa "Detetive de Fotos". Assista a este vídeo de Maureen para saber mais sobre suas fotos antigas de família.
Assista ao vídeo »
 
 
foto histórica
Encontre seus antepassados na maior coleção do mundo de fotos de família antigas
Estamos orgulhosos de anunciar que o MyHeritage é o site com a maior coleção do mundo de fotos antigas de família – remontando aos anos 1800. Existem centenas de milhões de fotos contribuídas e compartilhadas por famílias em todo o mundo. Para comemorar o lançamento da campanha "Preserve suas fotos de família" tornamos esta coleção disponível para pesquisas gratuitas durante o mês de agosto. Descubra fotos de seus antepassados e parentes procurando por nome, data, local ou palavra-chave.
Pesquise fotos históricas »
 
 
Visual da árvore genealógica
Adicione o fator UAU à sua árvore – armazenamento grátis de fotos agora duplicado!
Adicionar fotos de família à sua árvore genealógica dá vida à sua árvore. É com enorme prazer que informamos que duplicamos a quantidade de armazenamento grátis de fotos no seu site, para que você possa adicionar ainda mais fotos. Ao digitalizar e carregar fotos de família para sua árvore genealógica, você adiciona rostos aos fatos e dá vida à história de sua família. Etiquete-as, compartilhe-as e preserve-as para sempre.
Adicione fotos a sua árvore »
 
 
As crianças têm criatividade
Seja criativo com as crianças este verão
As fotos familiares ajudam aos jovens a interessar-se em sua herança e a dar vida a preciosas memórias de família. As férias de verão apresentam a oportunidade perfeita para desenterrar seu estoque de fotos familiares e fazer algo significativo com as crianças. Confira estas divertidas maneiras de ser criativo com fotos familiares.
Veja ideias »
 
 
Foto antiga
Dica do mês: Como restaurar e preservar fotos antigas
Saiba como restaurar e preservar fotos familiares antigas, neste guia on-line.
Leia mais »
 
 
webinar
Junte-se ao nosso webinar online para dicas de especialistas sobre como descobrir o seu passado a partir de velhas fotos de família
Convidamos você a se juntar ao nosso webinar online com a apresentadora Maureen Taylor, amplamente conhecida como a "Detetive das Fotos", por sua experiência de líder mundial na análise de fotos antigas de família. Saiba mais sobre os rostos em suas fotos antigas na quarta-feira, 21 de agosto às 15:00 (horário de Brasília).
Cadastre-se agora »
 
 
prêmios
Ganhe uma consulta grátis de análise de fotografia!
No mês de agosto estamos fazendo promoções através de nossos canais de mídia social. Três afortunados vencedores terão a chance de ter suas fotos analisadas pela mundialmente famosa "Detetive das fotos", Maureen Taylor, para obter informações e pistas.
Concorra agora »
 
 
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Comendador Mauro Demarchi
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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Somos todos nobres… e servos!

Somos todos nobres… e servos!

A matemática tem seus raciocínios curiosos e utilidades, por vezes, desconhecidas, porém, muito práticas. Neste caso, trata-se de provar que todos descendemos de D. Afonso Henriques ou de Carlos Magno ou de Maomé... 

Somos todos nobres… e servos!

Eu descendo de D. Afonso Henriques. O leitor também. E também de qualquer servo da gleba do séc. XII. Todos os europeus descendem de Carlos Magno e de Maomé. E todos os seres humanos vivos descendem de Confúcio ou Nefertiti. E também de qualquer escravo do antigo Egipto. São as surpresas da matemática da genealogia.
Por Jorge Buescu



Muito prazer, caro leitor. Embora não nos conheçamos pessoalmente, somos primos – na pior das hipóteses em 34º grau. E ambos temos uma linhagem altamente aristocrática: descendemos em linha directa da casa real da Fundação da nacionalidade. Sim: D. Afonso Henriques é o nosso 34º avô por via directa.

Mas, a nossa distinção genealógica não se esgota aqui, muito pelo contrário: somos também descendentes de todas as casas reais europeias anteriores ao Séc XII, e descendemos directamente de Carlos Magno ele próprio ou do profeta Maomé. E ainda de Nefertiti ou de Confúcio.

Orgulhoso da sua ilustre e aristocrática ascendência? Já sente o seu sangue mais azul, agora que tem a certeza da sua ascendência altamente aristocrática? Então considere as seguintes afirmações, também elas verdadeiras. Não há rigorosamente nada de especial consigo ou comigo. É uma inevitabilidade matemática: todos os portugueses vivos em 2004 descendem directamente de D. Afonso Henriques. Isto é verdade para mim, para o leitor ou para um perigoso marginal preso por tráfico de droga.

Muito pior: não só não há nada de especial em relação a nós enquanto descendentes como não há nada de especial com D. Afonso Henriques enquanto ascendente. Isto é: qualquer português hoje vivo, em particular um leitor deste artigo, é descendente não apenas de D. Afonso Henriques como de qualquer outro português vivo no séc. XII cuja linha de descendência não se tenha extinguido. Portanto, caro leitor, também há más notícias: além da nossa linhagem real, somos todos descendentes de todos os miseráveis servos da gleba do séc. XII. Continua orgulhoso?

Pior ainda: o mesmo argumento mostra que qualquer europeu hoje vivo é descendente directo de Carlos Magno, Carlos Mardel, Clóvis ou mesmo Maomé. Como, na verdade, também de qualquer outro europeu vivo à data destes, cuja linha de descendência não se tenha entretanto extinguido. Este mesmo argumento à escala mundial mostra que todos os seres humanos hoje vivos são descendentes de Confúcio ou Nefertiti.

Se isto lhe parece estranho, considere o seguinte pensamento arrepiante, quase inacreditável. Dentro de mil e quinhentos anos, das duas uma: ou a sua linha de descendência se extinguiu ou … todos os seres humanos nessa altura vivos serão seus descendentes! O leitor terá então literalmente dezenas de milhar de milhões de netos (já imaginou o que seria o Natal em Família?).

A explicação de todos estes factos bizarros, à primeira vista quase inacreditáveis, está em recentes resultados matemáticos relativos à Matemática das genealogias. No entanto, a razão matemática de fundo é muito simples e básica, sendo perfeitamente compreensível por qualquer aluno do Secundário: o crescimento exponencial do número de ascendentes.

Comecemos por uma observação indiscutível: todos nós temos um pai e uma mãe – isto é, dois ascendentes de primeira geração. Significa isto portanto que temos quatro avós, oito bisavós, etc. Em geral, cada um de nós possui 2n ascendentes de geração n.

Tomemos ao acaso um cidadão português qualquer, designando-o, digamos, por FM. Façamos então o modelo mais básico possível para a ascendência de FM. Suponhamos , para simplificar, que uma geração demora em média 25 anos.

Assim, FM terá 210 = 1024 ascendente de 10ª geração (bi-tetra-tetra- avós), que viveram há 250 anos. Na 20ª geração, que corresponde ao descobrimento do Brasil, terá mais de um milhão de ascendentes (220 = 1.048.576). E terá mil milhões de Milhões de ascendentes de 30ª geração. Isto passa-se há 750 anos. O tempo de D. Afonso Henriques, digamos 1143, corresponde à 34ª geração, e a árvore genealógica de FM tem nessa altura 234 ascendentes – mais de 17 mil milhões de pessoas – ou seja, quase o triplo da actual população da terra, e superior ao número total de seres humanos que já passaram pela Terra desde o aparecimento do Homo Sapiens!

A conclusão é uma inevitabilidade matemática: a árvore genealógica de FM não é uma árvore – é um novelo. Os caminhos de FM até aos seus ascendentes de 34ª geração têm de se auto-intersectar, porque muitas das 17 mil milhões de pessoas vão coincidir. Portugal teria qualquer coisa como 1 a 2 milhões de habitantes no tempo de D. Afonso Henriques, pelo que neste caso as auto-intersecçõ es “enrolam” as árvores genealógicas com coalescências de um factor de 1000 na 34ª geração.

Qual é a probabilidade de um ascendente masculino na 34ª geração de FM ser D. Afonso Henriques? Fazendo a pergunta para um ascendente concreto, digamos o pai do pai do pai … (34 vezes por linha paterna), essa probabilidade é evidentemente baixa. Suponhamos que este 34º avô pode ser, com igual probabilidade, qualquer um dos cerca de um milhão de homens vivos em 1143. Então a probabilidade deste senhor ser D. Afonso Henriques é uma num milhão. Dito de outra forma, a probabilidade de este 34º avô de FM não ser Afonso Henriques é 0,999999

A questão é que FM não tem apenas UM 34º avô homem: tem exactamente 233. Para FM não descender de D. Afonso Henriques é necessário ( mas nem sequer suficiente; ver abaixo) que nenhum destes 233 avôs seja Afonso Henriques. Considerando independência dos acontecimentos, e como 233 = 8.589.934.592 essa probabilidade é

P= (0,99999)8.589.934.592

Ou seja, cerca de 10-3731



Não é impossível FM não ser descendente directo de D. Afonso Henriques. No entanto, isso tem probabilidade absurdamente ridícula: ocorrerá uma vez em 103731 , que é 1 seguido de 3731 zeros. Como é fácil perder a noção da ordem de grandeza destes números, pode ser útil a seguinte comparação. Esta Probabilidade é menor do que a probabilidade de ganhar 522 vezes seguidas no totoloto. Ou seja, é mais provável jogar uma a posta e ganhar o 1º prémio no Totoloto todas as semanas durante dez anos do que D. Afonso Henriques estar fora da linha de ascendência de FM!

Poderia objectar-se que este modelo simples não leva em conta diversos fenómenos, de que são exemplo mais óbvio os migratórios. É verdade: obviamente Portugal não esteve de fronteiras fechadas durante 850 anos. Por exemplo, o meu pai era romeno, pelo que metade da minha árvore genealógica em princípio nada terá que ver com D. Afonso Henriques. Parece um corte radical: metade da árvore genealógica é para esquecer.

No entanto, devido ao crescimento exponencial dos antecessores o efeito desta anomalia é apenas atrasar o fenómeno uma geração, ou seja 25 anos (como no célebre problema dos nenúfares que cobrem um lago em trinta dias e se pergunta em que dia o lago estará meio coberto - supondo que a área aumenta todos os dias para o dobro). No meu caso pessoal, posso afirmar que é mais provável ganhar o Totoloto “apenas” todas as semanas durante cinco anos do que não descender directamente de D. Afonso Henriques. Portanto, eu e o FM, somos primos, na pior das hipóteses, em 34º grau, através do nosso querido avô comum Afonso Henriques.

O mesmo argumento mostra que passar de Portugal de D. Afonso Henriques para o Mundo inteiro é feito com meia dúzia de gerações. Assim, cálculos em tudo análogos mostram que a probabilidade de um qualquer europeu não descender por via directa de Carlos Magno é da ordem de 10-15000 . É mais fácil ganhar o Totoloto todas as semanas durante 320 anos. Portanto, todos os europeus vivos descendem da maior casa real europeia, a dos Francos de Carlos Magno.

E quanto mais para trás melhor: Maomé, Clóvis… a única exigência é partir de alguém que comprovadamente tenha deixado descendência viva, isto é, cuja linha de descendência não se tenha extinguido. A escolha de Carlos Magno, ou Maomé, ou Clóvis, é irrelevante – a não ser neste aspecto. Isto significa que todos os europeus actualmente vivos são descendentes de todos os europeus vivos no séc IX cuja linha de descendência não se tenha quebrado. Quer dizer: os portugueses são tão descendentes de Afonso Henriques como de qualquer servo da gleba seu contemporâneo.

Analogamente, passar para o Mundo inteiro empurra o cálculo uma geração mais para trás. Assim, todas as pessoas no Mundo são descendentes de Confúcio ou Nefertiti. E note-se que estamos apenas a considerar ascendência directa de pais para filhos, não alargada a tios ou por afinidade!

O pequenino modelo de brincar apresentado é evidentemente muito grosseiro para ser levado cientificamente a sério. Contudo, foram recentemente publicados modelos matemáticos probabilísticos desenvolvidos pelo matemático Joseph Chang, da Universidade de Yale, que trabalham as questões mais delicadas com as ferramentas probabilísticas dos processos de Markov. O que estes modelos têm de especial é considerarem a ascendência “genealógica” a partir de dois progenitores, e não apenas por via de um progenitor, como nos modelos clássicos(Wright- Fisher).

Pode parecer estranho ao leitor que os modelos clássicos só levem em conta um progenitor, não os dois. De facto, eles são sobretudo utilizados em Genética; e, devido à enorme complexidade das questões da hereditariedade sexuada (por exemplo, o DNA de um avô pode estar totalmente ausente no neto), eles são utilizados em condições em que não existe recombinação: por exemplo, a transmissão do cromossoma Y por via paterna, ou a transmissão do DNA mitocondrial por via materna. Assim, nos modelos clássicos há apenas um progenitor que “doa” todo o material genético. É assim que se atinge, por exemplo, a “Mãe Universal” conhecida por “Eva Mitocondrial” (originadora do DNA mitocondrial que todos transportamos) .

É claro que em qualquer tipo de modelo fazem sentido perguntas como”dada uma população com n indivíduos, quantas gerações é preciso andar para trás para se encontrar um antecessor comum?”. Um tal indivíduo é conhecido como um antecessor comum (AC) da população. Por exemplo, D. Afonso Henriques é um AC da população de Portugal, e Carlos Magno é um AC da população europeia. Uma pergunta ligeiramente diferente é a de encontrar o mais recente antecessor comum (MRAC) da população. Por exemplo, D. Afonso Henriques é um antecessor comum da população portuguesa, mas com grande probabilidade haverá um AC mais recente. O mais recente de todos é o MRAC.

Em modelos de tipo clássico, uniparentais, cada elemento da população tem um antecessor na geração n. Este facto origina, como talvez o leitor já suspeite, uma enorme diferença em relação às respostas fornecidas às perguntas acima. Em modelos clássicos, uniparentais, pode mostrar-se que uma população de dimensão n, em média, tem um MRAC(“Eva mitocondrial” ) na geração 2n. Por exemplo, a “Eva Mitocondrial” da população portuguesa (se tal fizesse sentido, o que claramente é falso) teria ocorrido há 20 milhões de gerações.

Já para um modelo genealógico, biparental, a situação é radicalmente diferente. Joseph Chang mostra dois resultados fundamentais: Numa população de dimensão n “suficientemente grande”, (1) o número de gerações necessárias para atingir um MR-AC é log2 n; (2) os elementos da população na geração (contada da frente para trás) G(n) = 1,77 log2 n ou são Antecessores Comuns de toda a população, ou a sua linha se extingue.

É interessante aplicar a segunda parte deste Teorema de Chang à população portuguesa. Com n = 10.000.000, actual população de Portugal, obtemos G(n) = 41,15. Para jogarmos pelo seguro, tomemos G(n) = 42 gerações correspondentes a 1050 anos. Isto significa que, para qualquer habitante do “Portugal” de 950 d.C. se tem a seguinte dicotomia: ou a sua linha de descendência se extinguiu, ou então é um Antecessor Comum de toda a actual população portuguesa.

Ainda mais intrigante é virar o argumento ao contrário. De acordo com as projecções das Nações Unidas, a população mundial estabilizará nos 12 mil milhões a partir do ano 2200. A geração crítica G(n) correspondente ao Teorema de Chang é 59,2; digamos 60 por segurança. Ou seja: dentro de 60 gerações, ou cerca de 1500 anos, eu e o leitor pertencemos à geração G(n). A partir daí, ou a nossa linha de descendência se extinguiu, ou cada um de nós é um Antecessor Comum de toda a população mundial. Todos os seres humanos serão nossos 60ºs netos! É como se cada um de nós estivesse neste momento no vértice de uma gigantesca ampulheta genealógica.

Poderá perguntar-se: se todos comprovadamente descendemos de qualquer pessoa suficientemente distante que tenha deixado descendência, qual é o interesse da genealogia? De facto, as raízes de todos nós estão na mesma árvore. Mas cada caminho para o nosso passado comum é único; a reconstrução desse caminho - uma penosa ascenção pela nossa árvore de ascendentes, conjugada com a exploração dos descendentes do “alvo” que se pretende atingir - é já por si uma recompensa. O matemático português que nos chamou a atenção para os trabalhos de Chang, por exemplo, conhece por este processo a (ou talvez uma) sua descendência directa do profeta Maomé e de Clóvis, rei dos Francos.