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domingo, 15 de setembro de 2013

Livros de Família: Resgatando o presente e o passado

ENTREVISTA COM ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS

Publicado por herberthbrasil em 16 de fevereiro de 2011 · Deixe um comentário 
 Armando Alexandre dos Santos é um homem que coleciona títulos. Aos 56 anos, o jornalista profissional, escritor e genealogista faz mestrado em História pela UNESP. Já vendeu mais de 1,2 milhões de livros, alguns Best Sellers, e sempre tem novos projetos para o futuro.
            Em um bate papo descontraído, realizado na Escola do Escritor, em São Paulo, conversamos sobre a sua nova palestra: Livros de Família, resgatando o presente e o passado.
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De onde partiu a ideia de criar a palestra Livros de Família: resgatando o presente e o passado?
Ela partiu da seguinte coisa. Em 2005 eu publiquei na revista da academia brasileira de letras, chama-se Revista Brasileira, eu publiquei um ensaio, que se chama Por que tanta gente hoje em dia pesquisa as próprias raízes… Nesse ensaio, que é um ensaio de trinta e poucas páginas, eu mostrava que antigamente quem estudava genealogia ou estudava por motivos religiosos, eram as genealogias sagradas da antiguidade, ou por motivos de nobreza. Para provar que tinha ascendência nobre. Que herdava determinado título. Determinado feudo. Ou então, por razões comerciais para mostrar que tinha direito a uma determinada herança… Eu faço neste estudo uma indagação de quais são as razões mais profundas desse interesse pelo próprio passado. E faço uma análise dos dias de hoje. Da sociedade moderna. Da crise de valores que toda a sociedade está mergulhada. De como os fatores de estabilidade estão cada vez mais abalados. De como as pessoas tem uma necessidade psicológica de procurar um solo firme onde por os pés e se sentir sólido. Preso a terra. E subconscientemente as pessoas procuram isso nas suas raízes. E de fato nós notamos, talvez… Vinte a trinta anos pra cá um interesse muito maior por estudar as próprias origens. Eu vou dar alguns exemplos: No Rio Grande do Sul, praticamente todos os fins de semana os jornais noticiam quatro ou cinco reuniões de família. O que são essas reuniões de família? No Rio Grande do Sul há um número muito grande de imigrantes. Pessoas que vieram de outros países. Famílias que vieram de outros países. Então, quando faz cem anos de Brasil ou cento e vinte anos é normal que se faça uma reunião e ali primos afastados se conhecem. Resgatam as próprias origens. Às vezes constituem até clubes familiares e depois resolvem fazer periodicamente uma reunião de família. Pra se ter ideia isso é tão amplo no Brasil, que existem firmas especializadas em promover reuniões de família. Por exemplo, você quer fazer uma reunião da sua família. Você contrata essa firma. Essa firma faz um levantamento da sua família. Manda circulares pra todos. Já tem contatos com uma fazenda para fazer reunião, com uma igreja para fazer a missa, com um restaurante para fazer… Enfim, compra o pacote inteiro. Justamente o que me levou a isso foi estudar qual é a razão de tantas pessoas procurarem as suas raízes. Foi, portanto, um estudo psicosociológico que eu fiz e que me chamou a atenção para o fenômeno. Agora, a partir daí eu fui me especializando. Fui me concentrando nele. Me estendendo nas pesquisas.

Os livros de família são voltados para um público específico. No mercado editorial ele seria rentável?
Geralmente não. A pessoa que faz uma coisa dessas, não faz com uma finalidade de comercializar. É de interesse privado da família. Se bem que em algumas famílias muito grandes, acabam rendendo. Acaba se tornando uma tiragem muito grande.
Quais são as características do livro de família?
Varia muito. Vai desde a linguagem afetiva, familiar… Agora já alguns necessitam de uma pesquisa genealógica mais profunda. Pesquisar arquivos… Então, já é uma linguagem diferente. Varia muito. É difícil estabelecer um padrão.
Como está o crescimento desse gênero literário no Brasil?
No Brasil, como no mundo todo, está crescendo. Sobretudo, agora que existem facilidades para se fazer tiragens pequenas. Editar livros com pequenas tiragens. Isto está muito desenvolvido e a tendência é crescer.
O livro de família assemelha-se mais a uma biografia ou a um livro de memórias?
Varia. Às vezes, o livro de família é feito por alguma pessoa que obteve muitas informações. Então, é normal que ela destaque o lado biográfico.